11.5.11


11 de Maio, 1919
Inglaterra, Londres.


Pedi a meu pai, para hoje me dispensar da aula de violino. Apesar de tanto gostar de me ouvir tocar, ele consentiu sobre o sorriso de minha mãe que esperara igualmente por mim.
Assim que saí do grande salão, o palácio se encheu de um ténue som com cheiro a jasmim, sentia-se uma ligeira cumplicidade entre o piano qe se fazia ouvir pelo suave toque de minha mãe e o violino ao som dos formosos movimentos de meu pai.

Apesar de ser feliz aqui, estou incompleta.

Estou com a minha companheira de histórias. Às vezes são contos mortíferos, com palavras exageradamente enamoradas, outras vezes são enredos de complicados mistérios inventados e não desvendados, e se desvendados... por nós foi, asseguro.
A minha verdadeira guardadora de segredos, nunca revelou os vários rascunhos destinados a serem um dia, talvez, a primeira, a segunda, ou a terceira carta a chegar até ti, (se chegar). São ainda meros rascunhos, que enchem a pequena gaveta da minha doce escrevaninha branca.

Tudo porque, por várias vezes, quis ter-te para mim.
Sou pequena e fraca, e por isso, até hoje, enchi a pequena gaveta da minha escrevaninha.

Mas hoje meu amor, ao som da cumplicidade do piano e do violino, hoje, vou acabar esta carta com «Até a uma hora próxima. Um beijo, com amor...». Porque amanhã, ou depois, vou voltar a escrever-te e a escrever-te. Quero que as palavras que invadem toda a minha alma necessitada de ti, se encontrem, um dia e outros tantos na tua presença, e fiques rodeado pelo meu toque e pelo meu cheiro, sempre e para sempre, para que não te esqueças, de que esta ingénua criatura, te ama. E um dia, assim espero que me alcançes, como eu te alcançarei com estas palavras. Se tu fores o meu "o Tal", vais esperar por mim.

Vou voltar a reescrever num papel de seda limpo, as palavras que sempre te quiz dizer, mas que em rascunhos permanecem. Então amor, te digo com todas as certezas que o meu sangue pode assegurar,

Até a uma hora próxima.

Um beijo, com amor...
Meru.
(espera por mim)

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